06/07/24

Luís Vaz de Camões (1524-1580)


Quem disser que a barca pende

Se vos quereis embarcar
E para isso estais no cais,
Entrai logo; que tardais?
Olhai que está preiamar!
E se outrem, por vos fretar,
Vos disser que esta que pende,
Dir-lhe-ei, mana, que mente.

Esta barca é de carreira,
Tem seus aparelhos novos;
Não há como ela outra em Povos,
Boa de leme e veleira.
Mas, se por ser a primeira,
Vos disser alguém que pende,
Dir-lhe-ei, mana, que mente.


Luís de Camões - Quatro Cartas e um Bilhete a uma Dama. Lisboa: Guerra & Paz, 2024, p. 107.

4 comentários:

  1. Anteontem folheei este livro na Fnac. Pareceu-me ser uma boa seleção.
    Bom fim de semana!

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    1. Não resisti... 😉
      Apenas ainda li dois ou três poemas. Para além destes, o exemplar é composto por quatro cartas, uma escrita em Ceuta, outra em Goa e duas em Lisboa.
      Estas edições da editora Guerra & Paz, são muito agradáveis.
      Bom fim-de-semana! 🌺🍀

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  2. Ainda no quadro das comemorações (mais ou menos simbólicas e/ou duradouras) dos 500 anos do nascimento de CAMÕES, não resisto à "sugestão" de uma atenta e (sempre) oportuna visita "in loco", perante os painéis do notável e saudoso Pintor Setubalense LIMA DE FREITAS, os quais ornamentam, desde 1996, a Estação do Rossio e a sua respectiva ligação ao Metro [dos Restauradores].

    Trata-se, na verdade, de um belíssimo conjunto pictórico, onde, entre outras obras, se integra "A visão cósmica de Camões", alusiva à famosa glorificação (renascentista) da "grande máquina do Mundo" ["Os Lusíadas", Canto X, 80], a feliz expressão Camoniana que nos remete para "um dos lugares mais justamente celebrados do poema épico e das Letras portuguesas, criado por um cinzelador de jóias poéticas que são património definitivo do nosso imaginário" [cf. álbum "Mitos e Figuras Lendárias de Lisboa: Os Azulejos de LIMA DE FREITAS na Estação dos Caminhos de Ferro do Rossio", com texto do próprio Artista convidado, edição (bilingue) Hugin / Gabinete do Nó Ferroviário de Lisboa, 1997, pp. 41-44].

    A terminar, lembremos a a curiosa existência, na Cidade-Capital, de uma histórica Biblioteca Pública [Municipal] que tem como "patrono" CAMÕES, cujas reconhecidas actividades pedagógicas são o testemunho concreto e palpável do profundo respeito de sucessivas gerações de utilizadores pelo mais sublime dos nossos Poetas!...

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    1. Prezado Fernando Firmino,
      Com o auxílio da internet, fui "refrescar" a memória, quanto aos painéis de azulejos de Lima de Freitas que refere, alusivos a Camões e à sua obra! Simplesmente Fabulosos!! O ideal, seria vê-los novamente ao vivo! Mas tal não será num futuro próximo!
      Luís de Camões sempre foi merecedor de grande admiração e respeito; e tal é visível nas mais variadas áreas; sejam estatuária, publicações, azulejos, filatelia, medalhística, revistas...
      Só nos podemos orgulhar por ser português!
      Um bem haja pelas palavras enriquecedoras!

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