"... é muito difícil, senão impossível, explicar a um néscio a importância da cultura, pois ele não tem cultura para perceber a falta dela." (. 41)
"Os livros são seres pacientes. Imóveis nas suas prateleiras, com uma espantosa resignação, podem esperar décadas ou séculos por um leitor. " (p. 81)
"Por vezes, os livros que não são lidos podem assumir um ar acusador. Muitos leitores sentem alguma culpa quando olham para pilhas de livros por ler. No meu caso, considero estes livros uma possibilidade de ser livre: não tenho apenas um livro para ler, tenho muitos, e isso permite-me escolher o próximo." (p. 98)
(Companhia das Letras, 2021)
"É possível organizar uma biblioteca de modo a representar um ser humano: os livros que lemos contruíram-nos, constroem-nos, construir-nos-ão. O modo como os juntamos denuncia-nos: os preferidos todos juntos, ou a dialogarem com os inacabados, com os por abrir, tentando fazê-los melhores; poetas ao lado de cientistas ou, pelo contrário, na prateleira mais afastada. Há também que contar com a desordem e a surpresa que ela permite.... Ler o que não pretendia ler nesse momento, reler um livro colocado no sítio onde devia estar o livro que procuramos possibilita encontros inesperados." (p. 104)