«DIZER PORQUÊ E PARA QUÊ...»
Dizer porquê e para quê do que descubro
que a vida ensina ou julgo que ela ensina?
Se o só descubro quando passou tempo,
e a gente já passou como eu também?
Se quem me leia não me entenderá?-
ou são mais velhos e já sabem,
ou mais antigos e têm outra língua
ou são mais jovens crendo que o saber
é a sua descoberta em que de passo em passo
descobrirão que a vida não ensina
senão o que mais tarde em nós descobriremos
de quanto nunca foi ou não escolhemos.
Di-lo-ei por mim e para mim? Porquê
aos outros? Que comum tenho com eles
além de lhes dizer que não importa
dizer o que não dizem? Se não há
maneira alguma de viver de novo
o que quiséramos que a vida fora?
E se outros não de nós mas de si mesmos
já descobriram de outro modo a mesma coisa,
ou hão-de descobri-la? De experiência
falamos e falemos. E nenhuma
serve a ninguém. Que tê-la não atendo
ou que não tê-la tendo-a é o que se diz dizendo.
que a vida ensina ou julgo que ela ensina?
Se o só descubro quando passou tempo,
e a gente já passou como eu também?
Se quem me leia não me entenderá?-
ou são mais velhos e já sabem,
ou mais antigos e têm outra língua
ou são mais jovens crendo que o saber
é a sua descoberta em que de passo em passo
descobrirão que a vida não ensina
senão o que mais tarde em nós descobriremos
de quanto nunca foi ou não escolhemos.
Di-lo-ei por mim e para mim? Porquê
aos outros? Que comum tenho com eles
além de lhes dizer que não importa
dizer o que não dizem? Se não há
maneira alguma de viver de novo
o que quiséramos que a vida fora?
E se outros não de nós mas de si mesmos
já descobriram de outro modo a mesma coisa,
ou hão-de descobri-la? De experiência
falamos e falemos. E nenhuma
serve a ninguém. Que tê-la não atendo
ou que não tê-la tendo-a é o que se diz dizendo.
Fev. 24/71
Jorge
de Sena, Visão
Perpétua,
Lisboa, INCM, 70, 1982, p. 131
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