Eu
Eu, eu mesmo...Eu, cheio de todos os cansaços
Quantos o mundo pode dar. —
Eu...
Afinal tudo, porque tudo é eu,
E até as estrelas, ao que parece,
Me saíram da algibeira para deslumbrar crianças...
Que crianças não sei...
Eu...
Imperfeito? Incógnito? Divino?
Não sei...
Eu...
Tive um passado? Sem dúvida...
Tenho um presente? Sem dúvida...
Terei um futuro? Sem dúvida...
A vida que pare de aqui a pouco...
Mas eu, eu...
Eu sou eu,
Eu fico eu,
Eu...
Álvaro de Campos
Fernando Pessoa morreu a 30 de Novembro de 1935; há 82 anos.
Poderia ainda estar vivo. Escrever a sua poesia. Mas é que creio mesmo que não, que não poderia. Quem tanta gente trouxe dentro de si, por força se gastava mais depressa, despejado todo nos versos e na prosa que conhecemos (e parece que há uma arca de que ainda ignoramos o fundo).
ResponderEliminarBea,
ResponderEliminarFernando Pessoa foi UM e foi MUITOS!
Brilhante como tinha presente esta sua pluralidade e a sabia passar para o papel.
Só de alguém muito singular!