Valença, Edição do Autor, 2017. In-8.º; de 204 págs. Desenho da capa da autoria de Henrique do Vale.
Br. € 12,00
Novidade.
Mulher
Escrevo aquilo que penso,
O que sinto,
O que de mim sei
Nos outros, nas coisas,
Em ti.
Quem poderá tecer e urdir
Conjecturas nesta avaliação de mim?
Quem ousará criticar o que construo
Quando recostados saboreiam a ausência de si?
Detalhadamente destilo e enjeito
Esse vendaval de maledicência enquistada
Como sobrecasaca de um desamor latente, cicante
Que vai arrumando a um canto a essência do ser.
Habituei-me na leitura de mim, como terreno bravio
Onde cada poro me impele na descoberta
Desta singular narrativa.
Às vezes sou folha em branco, lisa, sem leiras
Sem memórias nem arquivos,
Há dias que acordo luxuosamente inundada
De palavras, riscos e arabescos, sons e cores.
Numa tentativa aliciante descubro as histórias
As personagens, lugares e emoções,
Acreditando na construção de mim
Como um templo lavrado, talhado,
Gotejado de emoções.
(p. 75)
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