José Régio morreu há 50 anos - a 22 de Dezembro de 1969
As Minhas Asas, - Deu-mas...
As minhas asas, - deu-mas...
Sonho: Quem mas daria, as minhas asas?
Sem elas, sou mesquinho
Como as vidas mais rasas.
Quem me ergueu do que fora o meu caminho?
Quem, ou quê, mas daria, as minhas asas?
As minhas asas, - deu-mas
Talvez o eu não ter mais nada
Do que o sonho de as ter!
Aleijado atirado para a estrada,
Via passar a esplêndida parada...
E a poeira levantada
Era o pão que me davam a comer.
E as minhas asas, - deu-mas
A minha falta de ar
Naquela insustentável posição
De inutilmente mendigar
O meu direito a o meu quinhão:
Vinho para me embriagar!
para me sustentar, frutos e pão.
As minhas asas, deu-mas
O sinistro clarão que em mim se fez
(mal eu passava de menino...)
E a cuja luz li todo o meu feroz destino
Pela primeira vez.
(...)
José Régio, in Mas Deus é Grande, Portugália Editora, 1961, p. 74 e 75.
Em geminação com Prosimetron
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