Os
Amigos
Amigos, cento e dez, ou talvez mais
Eu já contei. Vaidades que sentia:
Supus que sobre a terra não havia
mais ditoso mortal entre os mortais!
Amigos cento e dez, tão serviçais
Tão zelosos das leis da cortesia,
Que já farto de os ver me escapulia
às suas curvaturas vertebrais.
Um dia adoeci profundamente:
Ceguei. Dos cento e dez houve um somente
Que não desfez os laços quase rotos.
Que vamos nós (diziam) lá fazer?
Se está cego não nos pode ver!...
Que cento e nove impávidos marotos.
Camilo
Castelo Branco
(nasceu em Lisboa a 16 de Março de 1825)
Sem comentários:
Enviar um comentário