19/10/25

Manuel António Pina (1943-2012)

A Poesia vai

A poesia vai acabar, os poetas
vão ser colocados em lugares mais úteis.
Por exemplo, observadores de pássaros
(enquanto os pássaros não
acabarem). Esta certeza tive-a hoje ao
entrar numa repartição pública.
Um senhor míope atendia devagar
ao balcão; eu perguntei: "Que fez algum
poeta por este senhor?" E a pergunta
afligiu-me tanto por dentro e por
fora da cabeça que tive que voltar a ler
toda a poesia desde o princípio do mundo.
Uma pergunta numa cabeça.
- Como uma coroa de espinhos:
estão todos a ver onde o autor quer chegar? -

In Manuel António Pina. Algo Parecido com isto, da mesma substância. Afrontamento, 1992, p. 42.

Manuel António Pina, morreu há 13 anos.
Em geminação com o Prosimetron

4 comentários:

  1. Engraçado, estive mesmo para pôr esta foto, que mora cá no livro Retratos e Poemas, da Luísa Ferreira.
    Ainda bem que não pus...
    Abraço!🐈‍⬛

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. MAP gostava imenso de gatos e tinha vários.
      Um abraço. 🤗📚

      Eliminar
    2. Então e eu não sei?😹
      No livro das crónicas tb está um gatinho amarelo que apanha a lombada e a contracapa do livro...
      Tal como com o Eugénio, os gatos são mais um ponto de união...😉
      Abraço🤗🐈🐈‍⬛

      Eliminar
    3. Eu sei que sabe... 😉
      A fotografia não foi escolhida ao acaso.
      Um abraço.🤗🐯

      Eliminar