(daqui)
AS PALAVRAS
São como um cristal,
as palavras.
Algumas, um punhal,
um incêndio.
Outras,
orvalho apenas.
Secretas vêm, cheias de memória.
Inseguras navegam:
barcos ou beijos,
as águas estremecem.
Desamparadas, inocentes,
leves.
Tecidas são de luz
e são a noite.
E mesmo pálidas
verdes paraísos lembram ainda.
Quem as escuta? Quem
as recolhe, assim,
cruéis, desfeitas,
nas suas conchas puras?
Eugénio de Andrade, Poemas. Porto, Editorial Inova, 1971, p. 138.
Ainda hei-de dar uma voltinha pelos livros do Eugénio hoje. O dificil será escolher...
ResponderEliminarUm dia cheio de Poesia, Cláudia!🤗
Maria,
EliminarComo a compreendo!
O ser humano carece de poesia; dentro e fora dele!
Tudo seria bem diferente!
Um abraço! 🌷📚