Dia Mundial do Livro
não deixem o vírus matar Camões
Hoje, Dia Mundial do Livro, autores,
editores e livreiros estão em perigo. Tolstói ou Dostoievski,
Shakespeare e Camões, Camilo ou Eça vivem, como Portugal, como o mundo, a
situação calamitosa que afecta dramaticamente a nossa forma de vida, as
pessoas e as empresas. Sim, os grandes romances, os grandes ensaios, os
livros de ciência ou de filosofia, tal como os editores e livreiros que
são a sua casa, acabam de sofrer um violento abalo. Fragilizados pelas
crises económicas de 2008 e de 2011, editores e livreiros são agora,
como resultado directo desta pandemia, confrontados com a mais dura
ameaça que o livro já experimentou em Portugal. A espada de Dâmocles,
que é a insolvência de editores e o fecho definitivo de muitas
livrarias, paira sobre as nossas cabeças, sobre a cabeça dos grandes
livros e dos grandes autores, o que o empobrecimento salarial dos
leitores, já de si uma minoria da população, mais reforça.
E esqueçam os choradinhos e peditório
economicista, por mais legítimo que ele seja. Não vos estou a falar só
de uma actividade económica. Ao falar do livro, estamos a falar de um sector estratégico para o futuro de Portugal, de um sector fundador para todas as outras actividades económicas.
Como as neurociências cada vez mais atestam, o livro, a leitura de
livros, é imprescindível para a obtenção e solidificação do
conhecimento.
(...)
O livro – os livros de António Lobo Antunes, de Jorge de Sena, Agustina,
Sophia – é vital para conferir a Portugal o conhecimento de que o nosso
futuro precisa e é crucial para a expansão do imaginário e da
identidade emocional da comunidade que somos, identidade essencial à
construção de um desígnio comum. Por alguma razão, afinal, o Dia de
Portugal tem como patrono um poeta e a sua obra, denominador comum para
os portugueses. Essa escolha não pode, apenas, ser uma flor de retórica.
E quem ama a literatura junta-lhe, num gesto ecuménico, as novas
gerações de escritores de língua portuguesa, de África, das Américas e
da Ásia, vencedores alguns do Prémio Camões, signo do ideal de
universalidade a que aspiramos e que nos empolga. (ler mais)
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