15/03/14


O Poema                                                                                                                    cortesia do google
O poema me levará no tempo                                                            
Quando eu já não for eu
E passarei sozinha
Entre as mãos de quem lê

O poema alguém o dirá
Às searas

Sua passagem se confundirá
Com o rumor do mar com o passar do vento

O poema habitará
O espaço mais concreto e mais atento

No ar claro nas tardes transparentes
Suas sílabas redondas

(Ó antigas ó longas
Eternas tardes lisas)

Mesmo que eu morra o poema encontrará
Uma praia onde quebrar as suas ondas

E entre quatro paredes densas
De funda e devorada solidão
Alguém seu próprio ser confundirá
Com o poema no tempo
Sophia de Mello Breyner Andresen in Obra poética I, Círculo de Leitores, 1992, p. 358 

4 comentários:

  1. É um belo poema!

    Fiquei com saudades do mar!

    Um beijinho e bom fim-de-semana!

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  2. Lindíssimo como tudo que ela escreveu.
    Beijinho grato. :))

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  3. Concordo Isabel, é um belo poema.
    Gosto muito de ler Sophia...
    Quanto ao mar, não vejo a hora de matar saudades dele!
    O fim de-semana foi tranquilo.

    Um beijinho e boa semana.:))

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  4. Ana, sei que partilha do mesmo gosto por Sophia de Mello Breyner.
    A mãe natureza está sempre tão presente! O sol, o mar... Os sonhos!

    Um beijinho.:))

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