16/03/25

 No bicentenário de Camilo Castelo Branco (1825-1890)

                                Retrato de Camilo - gravura de Manuel Cabanas 


Aos 16 de Março de 1825, nasceu Camilo Ferreira Botelho Castelo Branco,
na Rua da Rosa, n.º 9, 2.º andar, Lisboa.
Ainda não tinha completado dois anos de idade, quando ficou órfão de mãe. E, aos dez, perdeu também o pai e é enviado para casa de uma tia em Vila Real. Ao longo dos anos, viveu também em Samardã, Friúme, Viana do Castelo onde assumiu a redacção do jornal A Aurora do Lima, Lisboa, no Porto, onde teve várias moradas, esteve preso, casou e acabou por ir morar para Vila Nova de Famalicão. Local onde, num acto de angústia por estar cego e impossibilitado de escrever, se suicidou com um tiro de revólver, em 1 de Junho de 1890. Tinha 65 anos.
Encontra-se sepultado no cemitério da Lapa, Porto, no jazigo de família 
do seu amigo Freitas Fortuna.

     Estátua de Camilo Castelo Branco na Avenida Camilo (Porto)


Camilo Castelo Branco, foi dos escritores portugueses mais profícuos. Tendo escrito e publicado mais de uma centena de títulos. A ele lhe devemos livros como A Queda de um Anjo, Amor de Perdição, Novelas do Minho, Memórias do Cárcere, Eusébio Macário, Serões em São Miguel de Seide. Escreveu como forma de sustento. A sua obra abrange vários géneros, desde o romance, ao teatro, poesia, biografia, tradução, panfletos e colaborou em muitos jornais... Teve uma vida muito preenchida e atribulada. Foi um boémio. Muitas paixões e muitos problemas por causa delas. Casou a primeira vez aos 16 anos e muitas mais aventuras amorosas se seguiram, mas a mais séria e a que o levou para a prisão, acusado de adultério, 
aconteceu com Ana Plácido (1831-1895), com quem veio a casar.
Do Rei D. Luís recebeu o título de visconde de Correia Botelho.
Tanto haveria para dizer do grande, actual e eterno escritor que foi
Camilo Castelo Branco (1825-1890), no dia em que se celebram 
200 anos do seu nascimento!

Porto. Prédio da esquina da Rua da Picaria com a Praça D. Filipa de Lencastre. 
Aqui esteve instalado um dos tribunais do Porto, aquele onde Camilo e Ana Plácido foram julgados

Porto. Rua de Santa Catarina.
Placa existente no prédio onde Camilo e Ana Plácido se casaram,
em 9 de Março de 1888

Escultor: José de Moura
Medalha numerada

3 comentários:

  1. Mais uma bela homenagem, Cláudia!
    Li muito menos Camilo do que Eça, o que espero ainda poder remediar.
    Descobri recentemente o soneto Os Amigos e fiquei siderada: em 14 linhas ele diz tudo...
    Domingo feliz!
    🤗📚🌿🌷

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Obrigada, Maria!
      A data assim o exige!
      Quanto ao soneto Os Amigos, infelizmente, é muito verdadeiro e retrata bem o que normalmente acontece!
      Também pretendo ler mais Camilo...
      Um abraço (Camiliano!) 🌺

      Eliminar
  2. No âmbito da condigna celebração dos 200 anos do nascimento de CAMILO (aqui ficam, desde já, os nossos sinceros parabéns pela vitalidade bibliófila inerente à louvável iniciativa da Livraria Lumière!), que me sejam permitidas duas despretensiosas e comovidas palavras, enquanto leitor de algumas das suas obras-primas, como "Amor de Perdição", um título que, nas estantes emparceira, naturalmente, com "A Queda dum Anjo" e outros preciosos volumes do Autor ou que com o genial romancista se relacionam.

    De facto, como salientou A. Carlos Cortez, numa recente edição (5 de Março) do "JL", o admirável escritor bem merece ser redescoberto: "Voltar a ler Camilo? Como não? Sobretudo, com a infantilização em curso, com os manuais adoptados - pejados da mais árida deseducação gramatical -, como não descobrir em Camilo um dos mais puros modelos de expressão em língua portuguesa?"

    Num contexto que ultrapassa os estritos propósitos comemorativos e constitui uma excelente oportunidade para a reflexão em torno da própria personalidade contraditória de CAMILO, em constante instabilidade (temperamental, financeira e clínica...) mas, ao mesmo tempo, hiper-sensível e, até, generoso, características de resto bem patentes em múltiplas e memoráveis personagens da sua extensa bibliografia.

    Um claro exemplo da sua generosidade, frequentemente subestimada, vem, aliás, expressa numa impressiva passagem inserta num curioso livrinho da autoria do Poeta (e Monsenhor) MOREIRA DAS NEVES, sob o título "CAMILO Tal Qual" (Lisboa, Edições do Templo, 1978, pp.116 e 118):

    "Rodrigo [José] d'Oliveira Guimarães foi o primeiro Editor de 'Um Homem de Brios' (Porto, 1856). Destruiu-lhe um incêndio a Tipografia. Perante a catástrofe, acudiu Camilo à miséria do Livreiro, renunciando aos lucros da edição. E foi mais longe. Em 1857 escreveu o drama 'Espinhos e Flores'. Quando este se representou no Teatro [Nacional] de S. João, cedeu a favor do mesmo Livreiro o produto da récita. (...) As dores [Camilianas] explodiam-lhe, por vezes, em blasfémias. Mas também o levavam a ajoelhar e a olhar para os outros como só olham os grandes sofredores."







    ResponderEliminar