RAÍZES
Velhas pedras que pisei
Saiam da vossa mudez
Venham dizer o que sei
Venham falar português
Sejam duras como a lei
E puras como a nudez.
Minha lágrima salgada
Caiu no lenço da vida
Foi lembrança naufragada
e para sempre perdida
foi vaga despedaçada
Contra o cais da despedida.
Visitei tantos países
Conheci tanto luar
Nos olhos dos infelizes
E porque me hei-de gastar?
Vou ao fundo das raízes
E hei-de gastar-me a cantar.
O Fado da tua Voz. Amália e os Poetas, 2014, p. 303
Poema de Sidónio Muralha (1920-1982)
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