Paisagem
Passavam pelo ar aves repentinas, O cheiro da terra era fundo e amargo, E ao longe as cavalgadas do mar largo Sacudiam na areia as suas crinas. Era o céu azul, o campo verde, a terra escura, Era a carne das árvores elástica e dura, Eram as gotas de sangue da resina E as folhas em que a luz se descombina. Eram os caminhos num ir lento, Eram as mãos profundas do vento Era o livre e luminoso chamamento Da asa dos espaços fugitiva. Eram os pinheirais onde o céu poisa, Era o peso e era a cor de cada coisa, A sua quietude, secretamente viva, E a sua exalação afirmativa. Era a verdade e a força do mar largo, Cuja voz, quando se quebra, sobe, Era o regresso sem fim e a claridade Das praias onde a direito o vento corre.
Sophia de Mello Breyner, Daqui Houve Nome Portugal. Porto, Inova, 1968, p. 217
Cláudia,
ResponderEliminarLindíssima a sua escolha.:))
Beijinhos.
Muito obrigada, Ana!
ResponderEliminarFico contente que tenha gostado.
Um beijinho.:))
Um belo poema! Um beijinho
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