13/06/13

Fernando Pessoa nasceu há 125 anos

 


n. Lisboa, 13 de Junho de 1888 
f.  Lisboa, 30 de Novembro de 1935







Dói viver, nada sou que valha ser
 
Dói viver, nada sou que valha ser.
Tardo-me porque penso e tudo rui.
Tento saber, porque tentar é ser.
Longe de isto ser tudo, tudo flui.

Mágoa que, indiferente, faz viver.
Névoa que, diferente, em tudo influi.
O exílio nada do que foi sequer
Ilude, fixa, dá, faz ou possui.

Assim, nocturna, a áreas indecisas,
O prelúdio perdido traz à mente
O que das ilhas mortas foi só brisas,

E o que a memória análoga dedica
Ao sonho, e onde, lua na corrente,
Não passa o sonho e a água inútil fica.                                                                                                                                                                                                    
Fernando Pessoa
in Poesias Inéditas (1919-1930).
Edições Ática, 1963, p. 49.

3 comentários:

  1. Nuno Meireles, não sei como fiz, mas apaguei o comentário que deixou. Mas aqui o meu agradecimento pela visita e brindemos sempre a F. Pessoa!
    Mil desculpas.

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