SEM DATA
Esta voz com que gritei às vezes
não me consola de só ter gritado às vezes.
Está dentro de mim como um remorso, ouço-a
chiar sempre que lembro a paz de segurança estulta
sob mais uma pedra tumular sem data verdadeira.
Quando acabava uma soma de silêncios,
gritava o resultado, não gritava um grito.
Esta voz, enquanto um ar de torre à beira-mar
circula entre as folhas paradas,
conduz a agonia física de recordar a ingenuidade.
Apetece-me explicar, agora, as asas dos anjos.
Jorge de Sena. Perseguição. Assírio & Alvim, 2021, p.62
Lindos, o poema e a foto.
ResponderEliminarDia feliz!
🌻
Obrigada!
EliminarDia Feliz! 🌹