Vladimir Maiakovski (1893-1930)
Na primeira noite, eles se aproximame colhem uma flor do nosso jardim.
E não dizemos nada.
Na segunda noite, já não se escondem,
pisam as flores, matam o nosso cão.
E não dizemos nada.
Até que um dia, o mais frágil deles, entra
sozinho em nossa casa, rouba-nos a lua
e, conhecendo o nosso medo,
arranca-nos a voz da garganta.
E porque não dissemos nada,
já não podemos dizer nada.
Maiakovski
Bertolt Brecht (1898-1956)
Primeiro levaram os negros
Mas não me importei com isso
Eu não era negro.
Mas não me importei com isso
Eu não era negro.
Em seguida levaram alguns operários
Mas eu não me importei com isso
Eu também não era operário.
Depois prenderam os miseráveis
Mas não me importei com isso
Porque eu não sou miserável
Depois agarraram uns desempregados
Mas como tenho meu emprego
Também não me importei.
Agora estão me levando
Mas já é tarde.
Como eu não me importei com ninguém
Ninguém se importa comigo.
São dois textos muito bonitos e que nos fazem pensar.
ResponderEliminarVivemos em sociedade e portanto tudo nos diz respeito e tudo nos afecta.
Uma sociedade melhor torna melhor a vida de todos. Mas nós esquecemo-nos disso.
Um beijinho
É verdade o que diz, Isabel.
ResponderEliminarHoje podem ser os outros os visados, mas amanhã podemos ser nós. Temos que ser solidários e fazer ouvir os nossos protestos, o nosso inconformismo. Lutar pelos nossos direitos.
Vão-nos tirando tudo...
Cláudia,
ResponderEliminarRendo-me à beleza dos versos e faço uma vénia de "NÃO ao silêncio".
«pisam as flores, matam nosso cão»
e nós não dizemos nada...:(
Merecemos,
«E porque não dissemos nada
já não podemos dizer nada»...
Quer Maiakovski quer Brecht foram umas boas escolhas.
Parabéns!
Beijinho.
Ana, achei-os tão actuais, tão verdadeiros, assustadoramente verdadeiros.
ResponderEliminarDiz o ditado:
"Quem cala, consente".
Diz bem, têm muito a ver com a realidade dos nossos dias.
Obrigada.
Beijinhos.:))
Esses dois poemas estão sempre conosco, são muito representativos quando analisamos as grandes tragedias atuais dos ciganos e dos não ciganos.
ResponderEliminarMeu maior medo sempre foi a omissão e a covardia.
bjs meus amiga.
Amigas, infelizmente ainda há muito disso um pouco por todo o lado. Mas é algo que está a mudar, pois o número de pessoas afectadas
ResponderEliminarestá a crescer e não é possível ficar indiferente.
Tenho esperança que a mudança esteja para breve.
Um beijo para todas.
Versos e palavras que contam! Tudo pode voltar a acontecer,e acontece, infelizmente. Basta olhar os jornais, ver em que vão "descambar" atitudes que parecem inofensivas, de início.
ResponderEliminarA loucura do norueguês nazi, as perseguições ao estrangeiro, a intolerância religiosa, ou que se passa depois das "primaveras" árabes & etc.
Temos que nos importar...
beijinhos
É isso mesmo, MJ, temos de nos importar!!
ResponderEliminarHoje pode não ser connosco, mas amanhã vai ser de certeza! Cada vez são mais as pessoas afectadas por algum tipo de descriminação, de injustiça.
Onde está a solidariedade, o humanismo?
Ficar indiferentes é que não.
Obrigada pela visita.
Beijinhos.